Lamborghini Miura




1967 - 1973

  • No Salão de Genebra de 1965 foi apresentado ao Mundo o primeiro Miura. O nome, inspirado nas touradas, pelas quais Lamborghini era apaixonado, impressionou. E o design fluído do carro também. Mas, as soluções técnicas e as performances, essas deixaram toda a gente de boca aberta. Infelizmente, o exemplar exposto em Genebra era único e os muitos compradores interessados tiveram de esperar mais dois anos para possuírem este "touro" de raça, que evoluiu até à versão SV, com que terminou a carreira, em 1973.
  • Lamborghini Miura
    O P400 Miura foi o carro que levou ao mais alto nível a fama da Lamborghini como fabricante de carros desportivos com linhas arrojadas e alta performance.
    O carro não foi dos primeiros construídos pelo abastado Ferrucio Lamborghini, que se lançara nesta área em 1963, revelando, no Salão de Turim, um protótipo de um GT, embora sem motor.
    O sucesso desta iniciativa foi muito limitado, mas Lamborghini não desistiu e, um ano mais tarde, em Genebra, mostrou aquele que viria a ser o seu primeiro modelo de produção: o 350 GT. O carro foi desenhada por Giotto Bizzarini, tinha um chassis concebido por Gianpaolo Dallara e a carroçaria construída pela Touring Milão, a mesma empresa que criou, por exemplo, o Aston Martin DB4. O motor utilizado era um V12, de 3,5 litros, com 270 cavalos.
    Tratando-se de um "pacote" já com argumentos muito válidos, o P350 GT teve bastante sucesso, levando Ferrucio Lamborghini a enveredar por caminhos mais ousados.
    Assim, um ano mais tarde, em 1965, em Turim, exibiu um carro que, ao primeiro olhar, parecia destinado às corridas, mas, na realidade, tratava-se de um GT. Intrigante.
    E mais estranho ainda quando se percebeu que, sob as linhas fluídas e atraentes da carroçaria, havia soluções tecnológicas inéditas para um carro desta categoria, nomeadamente a posição do motor, um poderoso V12 de quatro litros, que fazia honra ao nome escolhido para o modelo: P400 Miura.
  • Carroçaria
    Marcello Gandini criou uma carroçaria espantosa para o Miura, bem à altura da mecânica inovadora, até na sua capacidade para a revelar, como, por exemplo, no capot traseiro do motor, que tinha persianas no lugar do vidro, deixando à vista o poderoso propulsor de 12 cilindros.
    O carro tinha menos de 1,10m de altura e os capots traseiro e dianteiro tinham ainda a particularidade de se abrirem em sentidos opostos.
    Elevadores eléctricos dos faróis dianteiros, pára-brisas e entradas de ar laterais de grandes dimensões são outras das características do Miura.
  • Raça de touro
    Ferrucio Lamborghini era um adepto incondicional das corridas... de touros. Quando apresentou o P400 resolveu homenagear uma das mais famosas raças de touros do Mundo e chamou-lhe Miura.
    Mas, a analogia com as touradas não nasceu com o Miura. De facto, a versão GTV do 350, que tinha sido apresentada um ano antes e cujo motor de 3,5 litros possuía 360 cavalos, contra os 270 do GT inicial, ostentava já no capot um touro negro.
    Por outro lado, a sigla P400 denunciava já uma das inovações do Miura, o motor traseiro, pois o P significava Posteriori.
  • Dignos sucessores
    Ainda com o Miura em produção, Ferrucio Lamborghini voltou a surpreender, quando em 1971 apresentou, em Genebra, um protótipo de sonho. Era o Countach LP500.
    Com uma traseira enorme e uma frente em cunha, o Countach montava, em posição longitudinal posterior (daí a designação LP), um propulsor V12 de cinco litros, que debitava 440 cavalos.
    Com as suas portas que se abriam para a frente e para cima, o Countach começou a ser produzido em série, em 1974, e sofreu várias evoluções até 1990. Foi considerado o "rei" dos superdesportivos, mas não fez esquecer o Miura. Tal como os seus sucessores, o Diablo e o Murciélago, apesar de fantásticos, não conseguem fazer sombra ao amarelo com que o Countach foi mostrado pela primeira vez. 
  • Evolução
    Apesar de poder ser considerado quase perfeito, o Miura ainda conseguiu evoluir. Inicialmente, estava previsto que a sua produção se limitaria a escassas dezenas de unidades, mas o sucesso ultrapassou as melhores expectativas, com 750 carros vendidos até Janeiro de 1973, altura em que o Miura deixou de se fabricar.
    Foi logo em 1968, mais uma vez em Turim, que Ferrucio Lamborghini apresentou uma versão evoluída, o P400S, que se caracterizava pelos melhoramentos ao nível da suspensão, especialmente á frente.
    O P400S ultrapassava o problema da falta de estabilidade em velocidades elevadas e o motor era mais rotativo. No mesmo ano, em Bruxelas, foi apresentada uma versão cabriolet, da qual existem muito poucas unidades.
    Mais tarde, em 1971, foi lançado o SV, que tinha poucas modificações visíveis, mas cujo motor debitava 385 cavalos.
  • Industrial abastado
    Ferrucio Lamborghini enriqueceu depois da Segunda Grande Guerra, tornando-se um magnata do negócio dos tractores. Lamborghini, que serviu no exército italiano como mecânico, tinha a paixão pelos automóveis e, uma vez rico, queria comprar os melhores.
    Vivia entre Modena e Bolonha, terras da Ferrari e da Maserati, respectivamente. Não lhe faltavam, por isso, opções.
    Mas, uma disputa com Enzo Ferrari - diz-se - fez-lhe crescer uma enorme vontade de deixar de ser o "homem dos tractores".
    E conseguiu-o plenamente, dando nome a uma das mais conceituadas marcas de desportivos de produção limitada.
  • Soluções inovadoras
    A carroçaria do Miura foi concebida por Marcello Gandini, que trabalhou sob orientação de Nuccio Bertone. Impressionava, mas no Salão de Turim de 1965 muitos preferiam tentar ver para lá das suas linhas atraentes.
    É que, por baixo, estava escondida uma solução técnica inovadora: a montagem transversal do motor, atrás.
    Essa opção nunca tinha sido usada num carro de produção desta categoria. O Mini revolucionara o mercado anos antes, com o primeiro motor e caixa de velocidades montados transversalmente no chassis; e a Ferrari utilizava já essa solução em protótipos de corrida.
    Mas, montar um motor de quatro litros, 12 cilindros em V e 370 cavalos de potência em posição transversal traseira para um GT de produção era coisa inédita, que ia contra o conceito da categoria, cimentado nos grandes desportivos do Mundo, como um BMW 507, um Aston Martin, um Ferrari, ou mesmo os americanos AC Cobra, Chevrolet Corvette e Ford Mustang.
    No entanto, até os mais cépticos tiveram de render-se ao Miura, pois o carro era exactamente aquilo que parecia: uma máquina excitante e capaz de performances impressionantes. O Miura acelerava de 0 a 100 km/h em 6,2 segundos e atingia a velocidade máxima de 277 km/h.
  • Características técnicas

    Motor
    Distribuição---------------------------24 válvulas à cabeça
    Tipo--------------------------------------12 cilindros em V
    Cilindrada------------------------------3929 c.c.
    Diâmetro x Curso-------------------82x62 mm
    Alimentação--------------------------três carburadores triplos
    Potência-------------------------------370 cavalos às 5500 rpm
    Carroçaria
    Tipo--------------------------------------coupé de dois lugares
    Distância entre eixos--------------250 cm
    Peso-------------------------------------1305 kg
    Performances
    Velocidade máxima----------------280 km/h
    Aceleração----------------------------n/d