Ford Mustang




1964 - 1968

  • O Mustang nasceu numa perspectiva comercial, para responder às exigências do mercado. A criatividade que presidiu à sua concepção foi, portanto, mais do âmbito do marketing do que do design. O objectivo inicial foi plenamente alcançado, mas o sucesso do Mustang não se deve somente à eficácia dos estudos de mercado que o transformaram num expoente de vendas. É que o carro mostrou-se, de facto, capaz de ficar na história, ganhando, por mérido próprio, o seu lugar entre os desportivos americanos.
  • Ford Mustang
    Antes de se mudar para a Chrysler, Lee Iacocca começou a sua carreira como vendedor na Ford. A sua grande capacidade levou-o, em apenas cinco anos, a vice-presidente e director-geral da marca.
    Iacocca soube interpretar o desafogo económico do início dos anos 60, compreendendo que o automóvel passara, em muitos casos, a ser um objectivo de prazer pessoal.
    Queria, por isso, um modelo cujo preço fosse baixo, mas pudesse proporcionar prazer aos seus proprietários, quer como primeiro ou segundo carro.
    Decidiu desde logo que o "truque" seria utilizar componentes normais, mas com uma roupagem mais interessante, de carácter desportivo.
    Iacocca deu as suas ordens e os estilistas da Ford optaram, por sua vez, por uma carroçaria de quatro lugares, mas com forte apelo desportivo, bem patente no capot longo. O espaço interior escasso e o porta-bagagens pequeno transmitiam aos ocupantes a sensação de se encontrarem num desportivo mais compacto.
    Foi com estes trunfos que o Mustang foi apresentado, em 1964, em Nova Iorque, conseguindo, de imediato, um enorme sucesso de vendas.
    Depois, com o passar dos anos, o Mustang viu as suas performances aumentadas, mas manteve sempre o seu aspecto compacto, criando um estilo próprio: o "Ponycar", palavra que os americanos adoptaram para designar os carros "pequenos" de alta performance.
    O modelo original foi substituído em 1969 e o Mustang perdeu um pouco a filosofia que o tornou famoso, ganhando, por outro lado, peso e envergadura.
  • Motores "pequenos"
    O Mustang teve, aquando do seu lançamento, um motor relativamente pequeno. Tratava-se de um propulsor de seis cilindros, com 2,8 litros e 101 cavalos de potência, que equipava o Falcon, o carro mais pequeno da Ford naquele tempo. Opcionalmente, podia escolher-se um V8, de 4,2 litros e 164 cavalos.
    Com o sucesso comercial começou a exigência de propulsores mais potentes, que a Ford foi acrescentando à gama, mas sempre sem chegar ao nível da concorrência, o que aliás, não era necessário, uma vez que esta era combatida com as versões especiais, que a marca entregava a vários preparadores.
    Mesmo assim, o Mustang conseguiu, com o célebre 289, chegar aos 270 cavalos de potência, o que lhe abriu as portas da competição.
  • As versões Shelby
    O Mustang teve várias versões desportivas, que fizeram calar as vozes mais cépticas, que o consideravam uma espécie de cordeiro com pele de lobo.
    As mais famosas e performantes foram criadas por Carroll Shelby e receberam mesmo, entre 1965 e 1970, o nome deste homem que "inventou" o AC Cobra e que é considerado uma lenda dos automóveis desportivos americanos. A ligação de Shelby à Ford nasceu precisamente com a criação do Cobra, passando, depois, para a competição, quando foi contratado por Henry Ford II para desenvolver o projecto para as 24 Horas de Le Mans (Ford GT 40) e, também, para criar versões especiais do Mustang, cujo modelo mais potente, o célebre 289 (assim nomeado pela sua cilindrada em polegadas cúbicas), debitava "apenas" 271 cavalos.
    Em 1965 nasceu o Mustang Shelby GT 350, um carro que era, na realidade, uma versão de competição, já que só dispunha de caixa de velocidades manual (a automática era habitual no Mustang) e nem sequer tinha banco traseiro. O interior era preto, o capot do motor em plástico e só estava disponível uma cor exterior: branco, opcionalmente com faixas azuis, a imagem que o tornou célebre.
    O famoso motor 289 tinha sido alterado e oferecia um aumento significativo de potência, que ascendia aos 305 cavalos. Mecanicamente, o GT 350 beneficiava de outras alterações, a nível de suspensões e de distribuição de peso, que o tornavam muito eficaz.
    O carro foi um sucesso na sua primeira versão, mas a Ford não estava satisfeita. Lee Iacocca, que mais tarde levou Shelby para a Chrysler, continuava fiel à sua filosofia de marketing e não queria um carro "competição-cliente", como podia ser apelidado o primeiro GT 350. Iacocca queria um carro mais potente e agressivo, mas bem equipado e com algum conforto.
    Assim, no ano seguinte, o GT 350 ficou mais pesado e menos eficaz, mas foi um sucesso de vendas. E, em 1967, verificou-se uma verdadeira explosão de vendas.
    Foi nesse ano, também, que o Mustang adoptou um motor de V8 de 6,4 litros, o que permitiu a Shelby aumentar a cilindrada para 7000 c.c., e obter 355 cavalos, criando o GT 500, que apresentava, também, algumas alterações estéticas, relativamente ao original.
    Em 1968, as relações de Shelby com a Ford tinham já esfriado, em boa parte devido ao caminho escolhido para os Mustang especiais, e os GT 350 e 500 passaram a ostentar o nome Cobra antes da sigla.
  • Estrela de cinema
    Nascido como produto de marketing, o Mustang sempre foi uma vedeta. Até no cinema.
    Foram inúmeros os filmes em que o carro apareceu com grande protagonismo ao longo da sua história, desde o "Bullit", em 1968, com Steve McQueen.
    A sua carreira cinematográfica estende-se até à actualidade, pois, no filme "60 minutos", quando um dos personagens, interpretado por Nicolas Cage, tem a missão de roubar 50 carros de prestígio, a encabeçar a lista figura uma das versões do Mustang criadas por Carroll Shelby, um GT 500, de 1967. 
  • Individualista
    Um dos segredos do Mustang foi adequar-se ao individualismo americano. Lee Iacocca, quando o concebeu como solução de marketing para satisfazer um grupo de mercado em crescimento - uma espécie de Geração X -, soube interpretar os seus anseios de individualismo.
    Assim, o comprador do Mustang tinha à sua disposição uma extensa lista de opcionais, que lhe permitia personalizar o seu carro.
    E podia, também, escolher entre três carroçarias: coupé, descapotável e, a partir de 1965, coupé fastback.
    E a verdade é que, logo no lançamento, a procura foi cerca de 15 vezes superior à oferta. Aliás, inicialmente os responsáveis da Ford tinham previsto vendas da ordem das 100 mil unidades, mas tiveram de rever os seus planos rapidamente, pois em pouco mais de um ano foram vendidos mais de 650 mil exemplares.
    Fonte:http://en.wikipedia.org
  • Características técnicas

    Motor
    Distribuição---------------------------válvulas à cabeça
    Tipo--------------------------------------seis cilindros em linha ou V8
    Cilindrada------------------------------2781 ou 3273 c.c. 4260 ou 4760 (V8)
    Diâmetro x Curso-------------------88.9x74.7 mm a 101.6x72.9 mm
    Alimentação--------------------------carburador simples
    Potência-------------------------------101 ou 120 cavalos às 4000 rpm e 164, 195 ou 220 cavalos às 4000 rpm (V8)
    Carroçaria
    Tipo--------------------------------------n/d
    Distância entre eixos--------------274 cm
    Peso-------------------------------------desde 1165 kg
    Performances
    Velocidade máxima----------------150 a 175 km/h
    Aceleração----------------------------n/d