Ferrari 250 GTO




1962 - 1964

  • A GTO é sem sombra de dúvidas o ápice das 250s. Alguns podem até argumentar que a 250 GTO é o ápice dos carros. E provavelmente um dos mais caros, com uma unidade trocando de dono em 1991 por – sente-se – US$ 15 milhões (mais de 24 milhões, atualizando o valor para 2010 pela inflação do período).
  • A GTO foi o carro com a mais bela dirigibilidade que já tive o prazer de guiar. Ela tinha um equilíbrio perfeito, absolutamente perfeito – uma bailarina entre os carros de competição. Nunca houve um carro como a GTO. Nunca.“ – Mike Salmon, no livro The Cobra-Ferrari Wars 1963-1965, de Michael L. Shoen.
  • A verdade é que, se pudéssemos escolher cinquenta carros para ocupar nossa garagem dos sonhos, metade das vagas poderiam ser ocupadas facilmente por modelos baseados na Ferrari 250, só pelo seu impacto histórico. A primeiro 250, a S, venceu a Mille Miglia em 1952 e terminou bem tanto em Le Mans quanto na Carrera Panamericana.
  • Por onde começar? Que tal o nome? GTO significa “Gran Turismo Omologato”. As regras da época no automobilismo exigiam que cerca de 100 unidades fossem construídas para que um veículo disputasse a categoria GT. A Ferrari construiu apenas 39 GTOs. Como isso foi autorizado é motivo de discussão até hoje. Enzo afirmou que a GTO era apenas uma modificação na carroçaria da igualmente linda 250 SWB, e, portanto seguia as regras. Aston Martin, Jaguar e Chevrolet chiaram… E como veremos a seguir, esses fabricantes estavam certos. Se a FIA caiu na conversa de Enzo, ou se simplesmente acharam melhor ter uma equipa da Ferrari competindo, é questionável. A questão é, elas são raras. Voltemos a 1961.
  • As coisas iam bem para a Ferrari, com a SWB GT simplesmente dominando a categoria GT. Mas então um jovem gerente de vendas chamado Girolamo Gardini voltou do lançamento do Jaguar E-Type no Salão de Genebra de 1961. Segundo Giotto Bizzarrini, quando Gardini voltou a Modena, ele saiu gritando pela fábrica “Eles vão nos derrotar com o seu novo GT!” Após ser convencido do fim que se aproximava, Enzo aprovou o projeto GTO (ainda que em segredo) e pôs Gardini como responsável.
  • O desenvolvimento ficou a cargo de Bizzarrini. Reza a lenda que Bizzarrini liderou uma pequena equipa que destrinchou o chassis da 250 GT SWB – que ele próprio desenvolveu – e substituiu a maioria das peças por equivalentes mais leves. O carro foi rebaixado e o V12 3.0 do protótipo Testa Rossa foi instalado atrás do eixo dianteiro, com outras modificações que baixaram o centro de gravidade. Todas as 250s eram equipadas com o V12 Tipo 168 (cada cilindro tinha 250 cm³ – 250 x 12 = 3000 cm³), mas o novo motor 168/2 tinha escapes maiores, materiais mais leves e tolerâncias reduzidas. A potência era de cerca de 100 cv por litro (306 cv), o que ainda é impressionante para um motor aspirado, mais de 40 anos depois. Mais importante, o V12 do GTO pesava menos da metade do que o 3.8 com seis cilindros em linha da Jaguar. Uma mula de testes foi judiada em Monza e os resultados foram incríveis, já que era vários segundos mais rápida que a SWB – que havia vencido Le Mans – e a Sperimentale. Lembre-se que a GTO podia chegar aos 290 km/h na Mulsanne. Até que aconteceu um desastre.
  • Conhecida como a “Revolta do Palácio”, ninguém menos que a esposa de Enzo desentendeu-se com um grupo de funcionários da Ferrari em Outubro de 1961. Como normalmente acontece em brigas dessa natureza, a esposa não perdeu. Assim, Bizzarrini, Gardini e muitos outros foram demitidos. Claro que a hora não poderia ser pior, já que a GTO estava longe de ser terminada. O projeto GTO foi então passado para um jovem engenheiro chamado Mauro Forghieri, que acabou não alterando o trabalho de Bizzarrini, excepto pelo acréscimo de um pequeno spoiler traseiro e ajustes para aumentar a firmeza do carro. Sergio Scaglietti fez ajustes finais à carroçaria com ajuda de um túnel de vento.
  • As 250 GTO simplesmente arrasaram a concorrência. Na sua primeira corrida, nas 12 horas de Sebring, Phil Hill e Olivier Gendebien ficaram inicialmente decepcionados por pilotarem um GT, ao invés de um protótipo. Quando a corrida terminou, os dois pilotos venceram a categoria GT e terminaram em segundo no geral, atrás de uma Ferrari 250 TR. Em Le Mans a história repetiu-se, desta vez com Jean Guichet e Pierre Noblet, atrás de uma Ferrari 330 LM (com Hill e Gendebien) e com uma diferença de velocidade média por volta de apenas 3,2 km/h (181,8 km/h contra 185 km/h). Outra GTO terminou em terceiro, com dois E-Types logo atrás e outra GTO em sexto.
  • Até Shelby aparecer em Le Mans com seu Daytona Coupe dois anos depois em 1964, a GTO permaneceu intocável. E ainda que o carro norte-americano tenha vencido a categoria e terminado em quarto no geral, a GTO ficou logo atrás, à frente de todos os outros protótipos. No final, a GTO conseguiu vencer o campeonato, com vitórias em Daytona, Spa e no Tour de France – enquanto o Shelby venceu apenas a corrida mais importante, Le Mans. Em 1965, a FIA removeu a limitação de cilindradas e apareceram mais monstros com motor central. Ainda em 1965, a Ferrari substituiu a 250 GTO pela 275 GTB (chamada por muitos como a GTO de 1965) que novamente venceu a categoria GT em Le Mans e terminou em terceiro na geral, atrás de dois protótipos 250 LM.
  • Enquanto o visual do Daytona Coupe é controverso, não há uma alma sequer na face da Terra que pode chamar a 250 GTO de qualquer coisa que não seja deslumbrante. A carroçaria Scaglietti é simplesmente cativante, do tipo que dá água na boca. Não dá para não admirar todo o trabalho feito nas entradas e saídas de ar, especialmente os três D à frente, que podem ser abertos para ventilar o interior e fechados para maior velocidade. O interior era simples (sem velocímetro), mas ainda assim luxuoso. E o volante de madeira…
Fonte:http://www.jalopnik.com.br

Características técnicas

Motor (Engine)--------------------------------------------------Tipo 168/62, 60 Degree V12
Posição (Position)---------------------------------------------Frente Longitudinal
Válvulas (Valvetrain)-------------------------------------------2 válvulas SOHC / Cyl
Cilindrada (Displacemente)---------------------------------2953 cc
Binário (Torque)-------------------------------------------------294.0 nm / 216.8 ft lbs @ 5500 rpm
Potência (Power)-----------------------------------------------225.2 kw / 302.0 bhp @ 7500 rpm
Comprimento (Length)----------------------------------------4400 mm
Largura (Width)--------------------------------------------------1675 mm
Altura (Heigth)---------------------------------------------------1245 mm
Velocidade Máxima (Top Speed)-------------------------~279 kph
0-100 km/h--------------------------------------------------------20.92 s
Caixa de velocidades (Transmission)-------------------Manual de 5 velocidades